Anjo da Morte
Memórias de um Lobo Solitário
“ São muitas as pessoas que, por seu pavor à morte, estão deixando de realmente viver” – Paul Simonton
Mas a Morte e a Vida são duas companheiras inseparáveis, pois a partir do momento que começamos a viver iniciamos a contagem decrescente para a Morte.
“ São muitas as pessoas que, por seu pavor à morte, estão deixando de realmente viver” – Paul Simonton
Hoje vou falar de um assunto considerado tabu, para muitos…a Morte.
Todos nós de alguma forma já fomos assolados pela sua presença.
Todos nós de alguma forma já fomos assolados pela sua presença.
O meu primeiro encontro com a morte, foi aquando o falecimento da minha avó. Nunca ninguém me tinha falado sobre a Morte. Quem era, porque se aproximava e levava consigo entes queridos.
Creio que a minha maior dificuldade foi ter que viver sem a minha avó e não a experiencia de a ter visto na urna, não a considero uma experiencia traumática, talvez tivesse sido mais traumática se não me tivesse sido dada a oportunidade de a ver pela última vez.
Eu entendo que a Vida é um dom maravilhoso e quando se a ama, vivemos momentos de plenitude, mas a Vida está associada à Morte. Costumo dizer que a única certeza que temos quando nascemos é a Morte.
Ainda hoje se considera a Morte um assunto tabu. Não se fala da Morte, porque além de ser desconhecida, misteriosa, não sabemos aceita-la e conviver com ela.
E como não conseguimos uma explicação lógica, a única saída é ignora-la e evitar a todo o custo falar dela. No entanto para podermos viver e apreciar a Vida, deveremos ter consciência da Morte e saber que está presente.
Explicamos às crianças, tudo o que é possível ensinar e a sua forma de lidar com as situações. Actualmente já não se diz as crianças, que quem as trouxe ao Mundo, foi a cegonha, mas no entanto evitamos falar-lhes da Morte ou qualquer contacto com ela, alegando que poderá ser traumática para a sua vida futura.
Da mesma forma que a pergunta da origem da Vida incomodava os nossos antepassados, também a pergunta para onde foi o avô, aquando a sua morte, incomoda actualmente e contorna-se a questão e o cerne da situação.
Mas, será que é traumática para a criança ou será que os adultos é que não querem abordar o tema e muito menos ser sujeitos a qualquer interrogação sobre o assunto?
Até mesmo o simbolismo que dá-mos á Morte, nas suas imagens nunca se lhe vê o rosto, sempre munida da sua foice. Desde do inicio da Humanidade, tudo que o Homem não conseguia explicar era temido e evitado, com a Morte ainda hoje sucede o mesmo. Pois a viagem que se faz, nunca ninguém regressa a relatar e a explicar o sucedido.
E o Mito da Morte continua sem explicação
Como relógio da Vida não pára, a nossa ansiedade vai também aumentando e fazendo tudo por tudo para atrasar um encontro com a Morte, porque no íntimo de cada um temos a perfeita consciência que somos seres débeis e vulneráveis e acima de tudo MORTAIS.
Como relógio da Vida não pára, a nossa ansiedade vai também aumentando e fazendo tudo por tudo para atrasar um encontro com a Morte, porque no íntimo de cada um temos a perfeita consciência que somos seres débeis e vulneráveis e acima de tudo MORTAIS.
Fazemos tudo para a adiar desejando uma juventude, força e saúde constante, porque acreditamos que com tudo isso adiamos a velhice e a Morte.
Mas a Morte e a Vida são duas companheiras inseparáveis, pois a partir do momento que começamos a viver iniciamos a contagem decrescente para a Morte.
Concordo que o homem pode e deve prolongar esta vida, humanizá-la, torná-la sempre melhor, viver a Vida, apreciá-la e sempre consciente da Morte mas não de forma obcecada ou ignorante.
Quando alguém morre jovem, lamentamos a sua partida em função da idade, que ainda tinha muito para viver, mas quando se é idoso refugiamo-nos na idade, dizendo que já era velho e foi preferível partir a estar a sofrer.
No entanto não significa que a longa vida do idoso tenha sido mais satisfatória que a do jovem apesar de curta.
Se a nossa vida é insatisfatória, não é porque seja curta, mas porque nunca satisfazemos as nossas aspirações mais profundas. Deveremos viver a Vida, sendo felizes e amando para que no momento em que sejamos visitados pelo Anjo da Morte, abalemos satisfeitos de uma Vida plena e preenchida.
O filme “Vivendo na Eternidade”, há uma cena em que um dos personagens tenta explicar os seus sentimentos, por não fazer parte do ciclo normal da vida, declarando: - “ Não tenho medo da morte. Tenho medo da “vida não vivida””.
Não precisamos viver para sempre, só precisamos de viver.
O facto é que quando deixamos de viver em função do medo da morte, passamos a morrer até mesmo antes de havermos morrido.
Pelo menos aos olhos do Anjo da Morte, somos todos iguais, os que partem, sejam ricos ou pobres nada levam com eles a não ser o amor que os acompanha.
“Deve-se aprender a viver por toda a vida e, por mais que tu, talvez te espantes, a vida toda é um aprender a morrer”. Sêneca.
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