terça-feira, fevereiro 12, 2008

O Rei e o Moleiro

Memórias de um Lobo Solitário

Era uma vez, num reino muito, muito distante, que era governado por um Rei ganancioso, avarento.
O Rei, era senhor de um infindável território e de uma riqueza enorme, mas queria sempre mais e mais. O seu maior desejo era ser o homem mais rico do mundo.
Para aumentar a sua riqueza, conquistava as terras aos reinos vizinhos, saqueava o ouro e impunha elevados impostos, aos habitantes do seu reino.
Certo dia, chamou os seus cobradores de impostos e disse-lhes:
- Cobradores, quero mais ouro e moedas!!!
- Mas Senhor, o povo já dá tudo que tem. Não podemos pedir mais porque eles já pouco ou nada têm para dar – Argumentou um cobrador.
- Não me interessa!!! Tragam mais e mais, quem nada entregar terá que abandonar as terras do meu reino !! – Exclamou o Rei.
Os cobradores partiram, seguindo cada qual a sua direcção, para alcançarem todas as aldeias.
Um dos cobradores, um dia chegou a uma aldeia, reuniu todos os seus habitantes e começou a cobrar os impostos. Todos reclamavam, com o aumento constante dos impostos e que dessa forma todos acabariam por morrer á fome.
Todos não, o moleiro da aldeia entregou um pequeno saco de moedas, com um sorriso no rosto e sem protestar, o cobrador achou estranho, mas nada comentou.
Passado algum tempo, o cobrador voltou á aldeia e a cena repetiu-se. Achando estranho, o cobrador indagou o moleiro.
- Ó moleiro, porque entregas sempre as moedas, sem protestar e com um sorriso?
- Porque sou rico, Senhor. – Disse o moleiro, sempre a sorrir.
De imediato, o cobrador foi a correr contar a novidade ao rei.
- Sua Majestade, há um moleiro que vive numa aldeia, que diz que é rico.
- Rico? Impossível ! Volta á aldeia e volta a cobrar mais impostos – Declarou o Rei, irritado.
E assim o cobrador voltou à aldeia e moleiro da mesma forma, voltou a pagar.
Curioso, o cobrador perguntou:
- Moleiro, és mesmo rico?
- Sou sim, Senhor. Mais rico que o Rei !! – Declarou o moleiro.
O cobrador ficou pasmado, ao ouvir tais palavras.
Chegado junto do Rei, contou-lhe o sucedido. O Rei, sentindo-se afrontado com as palavras de um simples moleiro, ordenou que o moleiro fosse chamado á sua presença.
Os enviados do Rei, deslocaram-se à aldeia e informaram o moleiro, que teria que os acompanhar, até junto do Rei. E assim todos seguiram viagem.
Na presença, do Rei o moleiro ajoelhou-se e disse:
- Bom dia, sua majestade. Um humilde moleiro ao seu dispor.
Sentado no seu imponente cadeirão e observando o moleiro, o Rei perguntou, em tom de voz altivo:
- Moleiro, ouvi dizer que eras rico, é verdade?
- É sim, sua Majestade – Retorquiu o moleiro.
Cada vez mais irritado, o rei perguntou:
- Moleiro, mais rico do que eu?
- Sim, mais rico que sua Majestade.
Ao ouvir tais palavras, o Rei quase que caia do seu cadeirão e cada vez estava mais irritado.
- Que riqueza possuis? Pois eu tenho uma imensidão de terras que a vista não consegue alcançar, uma quantidade de ouro e moedas, que seriam precisos meses para as contar!
Sempre com um sorriso, o moleiro respondeu:
- Senhor a minha riqueza é maior! Tenho uma linda mulher, que me ama e uns filhos cheios de saúde e de vida. Da mesma forma que sua Majestade, não consegue contar as suas moedas também eu não consigo contabilizar o amor que sentimos uns pelos outros. Apesar de pagar os impostos somos todos felizes com o pouco que temos.
Ao ouvir tais palavras, o Rei ficou ele sem palavras. E mandou o moleiro seguir o seu destino.
Mas palavras do moleiro, não lhe abandonavam o pensamento. Depois de muito pensar, reuniu todos os cobradores de impostos do reino e decidiu repartir a sua riqueza com todos os habitantes do seu reino.
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