quinta-feira, novembro 03, 2011

O LOBO E A LUA


Com o cair da noite, abri a porta da toca. Focinhei o exterior, sentia-se a humidade de Outono e o despertar dos seres noctívagos.
Saí e percorri o bosque, algo me impelia a percorrer vales e montes, não sabia para onde ia mas sabia para onde queria ir.

A noite é o meu habitat, quem povoa á noite tem uma forma de estar diferente dos seres que povoam o dia. Entre os habitantes da noite, existe uma cumplicidade natural, que só quem aprecia a noite, o entenderá.
E assim absorto ao que me rodeia, ia caminhando solitariamente. Sentia nas patas, o frio e no pêlo a humidade, típica de uma noite de Outono, um bafejo característico das Terras Altas, que me despertou para o que me rodeava, sentindo ansiedade para chegar ao meu destino, desconhecendo o porquê.
Encontrava-me no seio da Terra Alta, mas o meu instinto, me dizia que não o suficientemente alto. Sendo um Lobo, sigo os meus instintos e assim o fiz, continuei a caminhar.
Chegado ao topo das Terras Altas, contemplei as estrelas….e…uivei…aaaauuuuuuaaaaaaauuuuuuuuuuu.
Uivei e voltei a uivar melancolicamente….que ansiedade. Ela timidamente foi surgindo e com o seu brilho iluminou a Noite.
Respondendo ao meu apelo, estendeu-me os seus braços e delicadamente abrindo o seu manto me albergou no seu regaço. Contemplei a sua nudez, senti o seu calor, a sua pele macia, o seu perfume familiar.
Envolvemo-nos, iniciando uma dança lentamente e ritmada. Paramos o relógio do Tempo, desconheço se a dança durou um minuto ou uma hora, mas também não é o essencial. O fundamental foi a cumplicidade vivida e o momento partilhado.
Com a delicadeza com que me acolheu, com a mesma delicadeza devolveu o meu espírito. Completado todo o meu Eu, voltei a uivar-lhe…aaaaaaaaauuuuuuuuuu…mas desta vez em tom de despedida.
E assim iniciei o caminho de regresso, de alma preenchida e realizada.
Este ritual, tem sido assim ao longo dos Tempos. O Lobo e a Lua, sempre viveram apaixonados ao longo dos Tempos.
A história deste amor, remonta á criação do Mundo. Quando o Ser Supremo, criou o Mundo e os seus habitantes, após ter criado a Lua e o Lobo, constatou uma enorme cumplicidade e foi então que decidiu colocar a Lua no Céu e o Lobo na Terra, para desta forma, evitar um amor desmedido.
Abateu-se sobre eles uma grande tristeza, quando tiveram conhecimento que nunca mais se encontrariam.
Mas não foi esta separação física que pôs fim ao amor entre ambos. A Lua no seu alto, tinha no pensamento o seu Lobo, demonstrando-lhe o seu afecto, pelas suas várias fazes, pois a Lua é Mulher e como Mulher, tem fases.
Por sua vez o Lobo, respeitando os ciclos da Lua, ia contemplando-a, aguardando solitariamente pela sua fase plena.
Ainda hoje vivem assim, ele solitariamente, ela no alto acompanhada das estrelas e quando se sente preparada, a Lua responde ao apelo do Lobo e dão asas ao amor.
Ambos estavam fadados ao amor espiritual em detrimento do prazer carnal. Mas será  aquele que se deleita nos braços da sua amada, que se sentirá mais realizado, do que aquele que beija a sua amada espiritualmente?
Será que ficará mais satisfeito, aquele que devora várias presas ou aquele que degusta apenas uma?
Caros amigos, quando ouvirem um Lobo a uivar saibam que está a chamar pela sua amada e quando observarem o brilho da Lua, saibam que é o brilho do Amor.
Se o Ser Supremo, não conseguiu pôr fim ao amor, também não será os Homens que o conseguirão fazer.
Não há amor impossível.
AAAAAAAAUUUUUUUUUUUUU


5 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Nada é impossivel... desde que ambos o queiram e desejem...L

5 de novembro de 2011 às 00:40  
Anonymous Anónimo said...

Temos o wolf apaixonado?

22 de novembro de 2011 às 02:09  
Blogger Raquel said...

Que a Lua te elumine sempre....

Esta foi a história mais linda que li.....percebe-se que é vivida e sentida!!

9 de dezembro de 2011 às 14:24  
Blogger Unknown said...

Linda história

7 de março de 2016 às 00:36  
Blogger Unknown said...

Linda história

7 de março de 2016 às 00:36  

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