terça-feira, abril 09, 2013

Estou morrendo de saudades...

Estou morrendo de saudades…

Estou morrendo de vontade de olhar teus olhos profundamente, que brilham quando me encontram.

Desejoso de te abraçar loucamente e sentir o sabor dos teus lábios.

Morro de saudades de sentir o teu doce perfume, que exala do teu corpo e de beijar o teu pescoço…

Morro de saudades…mas a vida é assim mesmo.

Tudo tem o seu tempo, tudo tem a sua hora….

Felizes aqueles que aproveitaram todos os tipos de tempo, tempo esse que já se foi…

Deixemos para trás o tempo passado e caminhemos abraçados em direção ao tempo futuro.

E assim é o tempo que passa todo o tempo, na vida da gente…
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Reino da Infância

Se há na terra um reino que nos seja familiar e ao mesmo tempo estranho, fechado nos seus limites e simultaneamente sem fronteiras, esse reino é o da infância.
A esse país inocente, donde se é expulso sempre demasiado cedo, apenas se regressa em momentos privilegiados — a tais regressos se chama, às vezes, poesia.
 
Essa espécie de terra mítica é habitada por seres de uma tão grande formosura que os anjos tiveram neles o seu modelo, e foi às crianças, como todos sabem pelos evangelhos, que foi prometido o Paraíso.
A sedução das crianças provém, antes de mais, da sua proximidade com os animais — a sua relação com o mundo não é a da utilidade, mas a do prazer.
Elas não conhecem ainda os dois grandes inimigos da alma, que são, como disse Saint-Exupéry, o dinheiro e a vaidade.
Estas frágeis criaturas, as únicas desde a origem destinadas à imortalidade, são também as mais vulneráveis — elas têm o peito aberto às maravilhas do mundo, mas estão sem defesa para a bestialidade humana que, apesar de tanta tecnologia de ponta, não diminui nem se extingue.
O sofrimento de uma criança é de uma ordem tão monstruosa que, frequentemente, é usado como argumento para a negação da bondade divina. Não, não há salvação para quem faça sofrer uma criança, que isto se grave indelevelmente nos vossos espíritos.
O simples facto de consentirmos que milhões e milhões de crianças padeçam fome, e reguem com as suas lágrimas a terra onde terão ainda de lutar um dia pela justiça e pela liberdade, prova bem que não somos filhos de Deus.

Eugénio de Andrade, in 'Rosto Precário'
 
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