quarta-feira, abril 20, 2011

A Guerra Colonial

Meus amigos:

Foi á 50 anos, que teve inicio a Guerra de Ultramar, realizada em vários cenários Ultramarinos, por um período de 13 longos e negros anos.

É nos campos de algodão que pressagia o inicio da guerra, vivia-se o ano de 1961. É na zona do Cassange, zona algodoeira extensa e pródiga, que milhares de agricultores negros; estima-se 34.289, sobrevivem subnutridos, sem educação e saúde, sujeitos a maus tratos por parte da concessionária Cotonang (Companhia Geral dos Algodões de Angola SARL). São estes homens que se revoltam contra os lucros da Cotonang e consequentemente colocam em causa a soberania Portuguesa.

O ano de 1961, foi um ano de pesadelos para o Império de Salazar, que teve logo inicio em Janeiro com o assalto ao paquete “Santa Maria”;

Em Fevereiro com os ataques á cadeia de S. Paulo, ao posto da Emissora Nacional e á esquadra da P.S.P. de Luanda;

Março com a matança feita pela UPA (União das Populações de Angola) no Norte de Angola que origina a Guerra Colonial;

Em Abril, com uma tentativa de golpe de Estado por parte do Ministro da Defesa, Botelho Moniz;

Agosto é tomado o Forte de Ajudá pelas tropas de Daomé;

Em Novembro é desviado um avião da TAP;

Em Dezembro, verifica-se a queda do Goa, Damão e Diu do mapa do Império.

No seu discurso, Salazar profere “Para Angola, rápido e em força.”, dando-se inicio á Guerra de Ultramar.

De Trás-os Montes ao Algarve, os jovens de então respondem á chamada. Sem terem noção da realidade que os esperava, sem interpretação política do conflito, são destacados para as Colónias Ultramarinas, que nós, Portugueses, tínhamos a convicção que ninguém nos podia tirar ilegitimamente.

Jovens que deixaram as ruas da aldeia, trocando-as pelas picadas africanas; largaram as moçoilas na terra para agarrarem com força as armas; abandonaram o lar para reconfortarem um camarada ferido; perderam a alegria dos bailes da paróquia para chorarem o camarada abatido. Sacrificaram a sua juventude em prol da Nação, de um ideal que não era comum a todos e que muitos o desconheciam, para muitos aquela terra não era a deles.

Foram anos de sacrifício para quem partiu, de angústia e incerteza para os familiares que cá ficaram.

Para muitos foi a bordo de navios como o “Uige”, “Vera Cruz”, “Santa Maria”, entre outros que se despediram pela última vez dos seus familiares e amigos.

Em 13 anos de Guerra, 300.000 soldados, prontos para dar a vida, foram enviados para as províncias Ultramarinas.

Cerca de 5.000 famílias portuguesas perderam um filho, um pai, um marido, um familiar.

Em cada ex-combatente ou num seu familiar, existem episódios de separação, perda, deficiências e traumas difíceis de esquecer.

Cada um tem sua história.

Tenho a convicção que a Guerra perdeu-se de forma politica e não militarmente e o abandono forçado das províncias deveria ter sido gradual, mas havia um grande interesse por parte de algumas nações conspiradoras e gananciosas.

Além do conflito armado, verificou-se também o êxodo dos portugueses residentes em África, que alguns já com várias gerações ali instaladas, tiveram que largar tudo que alcançaram, para chegar a um Portugal, que os recebeu de forma desconfiada, apelidados de “retornados” e classificados como portugueses de 2ª classe. Para não falar no conflito de mentalidades, pois quem em África vivia, era dotado de uma abertura de mentalidade e espírito que na Metrópole não se verificava. A adaptação foi difícil e para muitos ainda hoje, sentem que esta não é a sua terra.

Tenho a noção que o racismo existia, aliás o próprio Estado Português assim o fazia, distinguindo o branco do negro, mas as mentalidades estavam a mudar e os que viviam nas Províncias, estavam a homogeneizar-se de uma forma lenta mas gradual. Provavelmente não houve tempo mas se concretizar tal mudança.

Este período da nossa História, infelizmente continua assunto pouco divulgado nas escolas e que de certa forma o Estado agradece.

Os jovens de hoje, desconhecem os contornos da Guerra Colonial, os sacrifícios de quem combateu nas colónias e a amargura de quem não voltou a ver quem partir. É de lamentar, que aquilo que sabem é porque ouviram falar e pouco mais…

Mas no fundo não os censuro, pois o Governo também pouco ou nada faz, para que a situação mude, pouco ou nada faz para apoiar a quem em terras de África combateu.

Nesses 13 anos de Guerra, lutávamos por um conflito que era nosso, combateu-se por Portugal, hoje lutamos por um Iraque, um Afeganistão ou seja lutamos pelos Americanos, subjugados ás suas ordens e aos seus caprichos.

Parafraseando Winston Churchill “ O CARÁTER DE UMA NAÇÃO VÊ-SE PELA FORMA COMO TRATA OS SEUS VETEREANOS”.

Esta frase diz tudo….

AAAAAAAAAUUUUUUUUUU
AAAAAAAAAAAAUUUUUUUUUU